quinta-feira, 11 de julho de 2019

Trocando em Miúdos "troca de sonhos" e deixa saudades



A marca pernambucana de acessórios Trocando em Miúdos encerra em julho de 2019 sua trajetória de 13 anos de sucesso. Quando o fim da marca foi anunciado em suas páginas nas redes sociais todos se perguntaram – mas por quê? A verdade é que ninguém esperava essa notícia, que a todos surpreendeu, nem mesmo seus colaboradores e, muito menos, seus clientes fiéis, tamanho o sucesso alcançado pela marca.  A partir de então, inúmeras e calorosas manifestações de amor à Trocando se sucederam nas redes sociais. Mas a consternação demonstrada e sentida não se resumiu a essas postagens. 
Post no Instagram comunicando o final da marca.
No dia do anúncio o telefone das lojas não parou de tocar, e, no dia seguinte, o volume das vendas superou o de uma semana inteira. De lá para cá, a caça às peças da marca manteve os pontos de venda diariamente repletos de clientes já saudosas, que voltavam quase que todos os dias a procura de alguma raridade ou peça desejo.

Poderíamos questionar, mas será que essas clientes realmente precisariam de mais um brinco? A resposta é sim, quando se trata de mais um brinco da Trocando em Miúdos. São inúmeros os atributos!
Brincos arquitetônicos
Fonte: @trocandoemmiudos

Design autoral, combinação de formas e cores ousadas e harmônicas, qualidade na manufatura. Design feminino, divertido, sensual e sofisticado, tudo em equilíbrio. Estética que conseguiu unir as culturas e a almas brasileira e pernambucana, sem que para isso fosse óbvia. Sem falar no ambiente aconchegante de seus pontos de venda. Uma fórmula que conquistou fãs e fez da marca um case de sucesso, inspirando e estimulando outros empreendedores a começarem a criar e investir em seus trabalhos autorais em nosso estado.


Design com formas geométricas
Fonte: @trocandoemmiudos


Design com formas orgânicas
Fonte: @trocandoemmiudos

Juliana Miranda e Amanda Braga
Fonte: @trocandoemmiudos

Fundada em 2006 pelas, então estudantes de Design da UFPE, Amanda Braga e Juliane Miranda, a marca foi batizada como Trocando em Miúdos, título de uma música de Chico Buarque em parceria com Francis Hime, de 1978. Homenagem mais do que natural, uma vez que suas idealizadoras costumavam criar ao som de Chico. 




Livro Colecionando Tempo
Fonte: @trocandoemmiudos


Toda a trajetória da Trocando está contada no livro “Colecionando o Tempo”, escrito por Luciana Veras, elaborado na e para a ocasião das comemorações de 10 anos da marca. Um material realizado com o maior esmero e qualidade gráfica, presenteado, por um período, às clientes.

Quando professora nos cursos de Estilismo e Design de Moda, sempre acreditei na importância de se trabalhar com coleções. O case da Trocando em Miúdos me fez ter ainda mais convicção nesta estratégia de design e marketing de moda. As suas coleções se tornaram tão icônicas que as clientes as conheciam pelos nomes e, a cada lançamento, estimulavam uma corrida às lojas. Afinal, para seu público, era importante garantir ao menos uma peça de cada coleção. 

As inspirações para as coleções da Trocando em Miúdos foram as mais diversas, mas sempre com um olhar voltado para o Brasil, como: a MPB (Fatal, Canção do Sal, É proibido proibir); a literatura (Felicidade Clandestina, inspirada em Clarice Lispector);  a arquitetura (Caminhos do Recife, Festa para Lina Bo Bardi); a Flora e Fauna brasileiras (Perene); o carnaval (Macuca, Eu acho é pouco). E por falar em carnaval, como será o nosso carnaval sem as novidades da Trocando?

Peças de coleções criadas para os carnavais.
Fonte: @trocandoemmiudos
Com Juliana Miranda e Thais Sobreira no lançamento da coleção do
carnaval 2019 no evento Bapho do Dragão
Fonte: Acervo pessoal

Outra estratégia da Trocando era batizar cada peça com um nome (Ex: Leda, Sideral, Lineker, Acabou Chorare, Marco Zero, Nélida Pinon), agregando identidade, história, e, por conseguinte, valor a cada um dos brincos, anéis, colares e broches produzidos. Muitas destas peças se tornaram clássicos da marca, mais conhecidos como “grandes clássicos”, estando presentes em várias coleções, incorporando apenas uma nova paleta de cores.
Se você é de Recife, provavelmente tem ou conhece alguém que tenha um
 desses "Grandes Clássicos" da Trocando

Fonte: @trocandoemmiudos

Mais algumas peças icônicas da marca
Fonte: @trocandoemmiudos

Quando se pensava que as designers da Trocando já não conseguiriam surpreender, elas nos presenteavam com o inusitado, como foi o caso da última coleção lançada pela marca, a Perene. Com essa fórmula, continuavam a estimular o amor e o desejo de compra das clientes.

Coleção Perene
Fonte: @trocandoemmiudos

Frequentar as lojas também era uma experiência, um evento no qual sempre conhecíamos outras mulheres com histórias semelhantes as nossas ligadas à marca, do tipo: - tenho tantas peças que já virou uma coleção; - daria para eu fazer um bazar apenas com as peças da marca; - vim comprar um presente, mas vocês têm aquela peça que apareceu hoje no Instagram?; e etc.

Casa Rosa (produção e loja) e Loja do Espinheiro
Fonte: @trocandoemmiudos
                                                                           

No meu caso, além do fato das peças da Trocando valorizarem meu estilo, desenvolvi uma relação com a marca que foi além do consumo. Minha mãe, portadora de Alzheimer, tornou-se cliente da marca já doente. Foram inúmeras às vezes que a levei para passear na rua de casa, onde fica a Trocando do Espinheiro, e precisei entrar na loja como meio de acalmá-la, para que parasse de chorar, sintoma comum em sua enfermidade. Ao entrar na loja, minha mãe, que sempre foi muito vaidosa e amou bijus, ficava mais calma no meio de tanto colorido e de formas diferentes. Por isso, agradeço à Trocando e as suas excelentes Thaís, Flávia e Pureza, pela sensibilidade e amabilidade com que sempre nos trataram no atendimento da loja.

Com Maria Eugênia Marinho (minha mãe) e as queridas vendedoras da loja do Espinheiro, Thais Sobreira e Flávia Andrade
Fonte: Acervo pessoal 



A vitoriosa história da Trocando em Miúdos é um exemplo perfeito de quando o design consegue emocionar, tocar as pessoas de alguma maneira, conquistando não apenas clientes, mas admiradores apaixonados. Um sonho almejado por todo criador, que foi alcançado com muito trabalho e talento por Juliane e Amanda, duas jovens Designers pernambucanas, que ainda irão surpreender muito. 

Sentiremos saudades!!!


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