Assim como um passeio em uma Montanha Russa,
a vida também é pontuada por diversos momentos. O momento da subida dos
carrinhos, por exemplo, pode ser hipoteticamente encarado como o da infância,
quando se começa a subir para o desconhecido, mas ainda protegidos pela tríade
“família, escola e igreja”, que nos envolve e nos mostra apenas aquilo que para
eles é correto.
Bem, há alguns anos atrás até era possível afirmar que toda
esta colocação estava 100% correta, contudo, um quarto elemento entrou em cena,
a mídia. E esta sabe direcionar comportamentos e gostos infantis como ninguém,
e o mercado sabe disso. Haja vista que os maiores sucessos de vendas para esta
faixa de idade se deve ao uso da imagem de ídolos consagrados pela televisão em
produtos como roupas e acessórios de marcas famosas.
Suri Cruise - Clara influência da mídia
e das marcas e referência para mães e meninas do mundo. |
Já o momento da primeira descida da Montanha Russa poderia estar associado à fase da adolescência. Nesta, os jovens caem em queda livre e não possuem a menor ideia do que irá acontecer, quem eles são, qual o seu papel no contexto e que caminhos devem trilhar. Um verdadeiro momento de incertezas, e de questionamentos!
Grupo de adolescentes que seguem a filosofia e estética Emo |
A questão é que o jovem, na atualidade, não
conta apenas com dois ou três referenciais de grupos a seguir, como até meados
dos anos cinquenta. Eles contam com um universo infinito, onde as escolhas, na
maioria das vezes, se dão pelo critério da identificação pessoal ou por mera
pressão social. Mais uma vez, a mídia tem visivelmente forte influência.
Não se pode deixar de citar aqueles
adolescentes que não se enquadram em nenhum grupo e, por isso, ou se isolam ou formam
a sua própria turma, com gostos, regras e estética próprias.
Muitos adolescentes imitaram este corte de cabelo do cantor Justin Bieber. Nas escolas de haviam verdadeiros "exércitos de Justin Bieber". |
As dificuldades aumentam para homens e
mulheres quando se iniciam as subidas e descidas sucessivas da Montanha Russa,
a fase adulta, com seus altos e baixos. Aqui o objetivo principal é a busca da sobrevivência
e não a busca pela felicidade, como muitos pensam! Chegar até o final do
percurso, intacto, tendo conseguido seguir o roteiro determinado como o certo
pela sua sociedade ainda é primordial. O que pode gerar bem estar para uns ou
frustração para aqueles que gostariam de ter assumido suas escolhas individuais
e as vivenciado.
A dificuldade nesta fase tem ligação com o fato deste adulto responder agora por si, dependendo, a princípio, única e exclusivamente das suas escolhas e
atitudes para sobreviver nesse mundo tão competitivo e instável. E é aqui que
as contradições acontecem, pois, em tese, essas pessoas já possuem a consciência
de quem são e do que querem para as suas vidas. Ao mesmo tempo, nem sempre
possui a liberdade de expor seu verdadeiro eu, tolhido pela necessidade de
seguir aquele roteiro pré-determinado de sobrevivência social.
Mas do que nunca, no entanto, existem pessoas
se libertando dessas amarras sociais, provando que é possível sobreviver e ser
feliz ao mesmo tempo, fugindo dos protótipos arraigados a cultura ocidental.
Estes seres libertos já não são mais vistos com tanta estranheza, desdém e
indiferença. O “diferente” parece ter se tornado necessário, principalmente
para o mercado que depende de inovação constante para sobreviver e para uma
sociedade que ainda está procurando entender as mudanças pelas quais está
passando.
Encaixar-se a sociedade e ser livre para ser você mesmo e feliz é um desafio no contemporâneo. |
Os adultos, claro, também sofrem a influência
da mídia, assim como as crianças e os adolescentes, aliás, quase todo o mundo
contemporâneo. É ela que nos oferece todos os dias uma série de informações e
referências diferentes, referências que nos fascinam e nos fazem acreditar que
são legais e devem ser seguidas, impedindo muitas vezes até o questionamento
quanto a sua qualidade, necessidade e identificação pessoal.
Numa época onde uma das tendências de moda é
ser autoral, o homem parece ainda ter muitos guias. Dessa forma, é possível
colocá-lo como um dos carrinhos da montanha russa, sempre numa evolução e, ao
mesmo tempo, interligado a outro igual para caminhar. Isso não pode, contudo,
ser encarado como algo absurdo, afinal, vivemos em sociedade e ela só funciona
se existir um mínimo de coesão, e isso não significa dizer que ela seja
mimética e chata. O mercado, há muito ciente disso tudo, oferece uma gama quase
infinita de possibilidades a gosto do freguês, o que não acontecia a vinte anos
atrás. Será que, em parte, não é a sociedade que vem moldando o mercado?
E a moda, onde ela está inserida neste
contexto? Aquilo que vestimos faz parte do repertório das nossas escolhas ao
longo da vida. Estas escolhas podem ser identificadas e entendidas por cada um
de nós a partir do “movimento da montanha russa”, ou seja, dos movimentos da
nossa vida.
Textos sempre maravilhosos Carmem... adoro ler! Saudades...
ResponderExcluirObrigada Bianca! É bom ouvir isso de alguém tão engajada na área como você. Beijão.
ResponderExcluirCarmem adorei o seu texto, voce escreve e descreve tudo com muita clareza que qualquer pessoa mesmo sem ser da sua area, consegue entender perfeitamente as suas reflexoes, parabéns!!!! voce além de ser uma excelente profissional da moda, poderia ser também uma excelente jornalista e escritora, muito obrigada por transmitir tao bem os seus ensinamentos e sempre compartilha-los conosco, in bocca al lupo!!!! um forte abraço!!!
ResponderExcluirObrigada Eugênia! Acho que o segredo de um bom texto é fazer com que todos entendam, independentemente do assunto trabalhado no mesmo. Acho que isso é reflexo do meu curso de Relações Públicas. Beijos
ExcluirParabéns, maninha! Muito bom e reflexivo! bjo.
ResponderExcluirObrigada!!!!!! Um elogio seu vale por mil! Beijosssss
ResponderExcluir