quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Chegou o Instagram Stories, e agora???

A velocidade com que surgem e se atualizam aplicativos/redes sociais gera muitas interrogações e confusão na cabeça de produtores de conteúdo e seguidores. Isso ficou evidente na semana passada, após a última atualização do Instagram.

A função “Stories” no Instagram chegou para concorrer com um aplicativo/rede social que vinha crescendo de forma exponencial do ano passado pra cá, o Snapchat, tema de outro texto publicado neste blog (Snapchat, amoda e Thaynara og!!!). O Instagram Stories, assim como o Snap, proporciona ao usuário a possibilidade de realizar vídeos de apenas 10 segundos, que ficam disponíveis por apenas 24 horas.

Memes relacionados a suposta cópia do Snapchat pelo Instagram
Surgiram especulações de que Mark Zuckerberg, o criador do Facebook e também proprietário do Instagram e Whatsapp, teria copiado o Snapchat porque foi frustrado em mais de uma tentativa de adquirir o aplicativo. Logo pipocaram as análises e memes relacionados ao Stories, chamado popularmente de “Instasnap”. À respeito, Mark declarou que não via problema nenhum em copiar, e que esta seria uma prática comum no Vale do Silício.

 

Independentemente da ética que envolveu a criação do Instagram Stories e do seu pouco tempo de funcionamento, é possível afirmar que foi mais um golpe de mestre de Mark Zuckerberg. E que sim, poderá acabar com a ascensão que vinha tendo o Snapchat, usado, por exemplo, por Hillary Clinton para divulgar o dia-a-dia da sua campanha à presidência americana.

O Instagram tem quatro vezes mais usuários do que o concorrente, que seguem um número infinitamente maior de pessoas, marcas e veículos de comunicação em comparação com os seguidores da original rede de produção de conteúdo em vídeo. No geral, todos que estão no Snapchat, estão no Instagram, mas a recíproca não é verdadeira, até mesmo pelo próprio formato do aplicativo/rede.

Diferentemente do Instagram, para começar a seguir uma determinada pessoa no Snap é imprescindível ter o seu exato username, do contrário, pela falta de alternativas que facilitem a busca, gera-se grande dependência do boca a boca para se conseguir ampliar o número de seguidores. Assim, pensando apenas em termos de praticidade, é muito mais simples que um usuário do Instagram passe a postar e assistir vídeos na própria rede do que migrar para outra ainda desconhecida, que faça a mesma coisa. E isso ficou claro nos primeiros dias do Stories, quando muitos aderiram a novidade e se percebeu que a ferramenta daria acesso a um número bem maior e facilitado seguidores e produtores de conteúdo na internet.
 
O interessante foi notar o atordoamento que esta novidade causou naqueles que estavam no Snapchat há algum tempo, entre eles, artistas e apresentadores de tv e personalidades da internet, como blogueiras de moda, decoração e viagens. Sem falar nos muitos que ganharam notoriedade e que têm nesta rede social seu maior número de seguidores, caso de brasileiros que moram no exterior e fazem sucesso mostrando os lugares onde vivem e seus estilos de vida. A maioria manifestou resistência, confusão e apreensão, fazendo colocações e questionamentos do tipo: “não conseguirei dar conta de mais uma ferramenta”; “faço os dois?”; “fico em um só?”; “migro de vez para os vídeos do Instagram?”. Já para quem ainda não navegava neste aplicativo de vídeos, o Stories foi uma ótima solução para divulgar, mesmo que de forma indireta, produtos e serviços.

Contudo, precisamos considerar questões observadas após alguns dias de funcionamento do Stories. O número de likes no Instagram, por exemplo, diminuiu. O que provavelmente foi causado pela preferência das pessoas em assistirem os vídeos, deixando as fotos de lado. Neste caso, Mark Zuckerberg pode ter “criado” um concorrente para o seu próprio aplicativo. Além disso, a ferramenta possui desvantagens comparativas com o Snapchat, como o fato dos vídeos demorarem muito para carregar, tornando-a cansativa e pouco dinâmica, o que vem desanimando seguidores.

 


Anna Wintour registrando seu dia-a-dia de trabalho em vídeos no Instagram Stories


Como sempre, a moda e seus personagens saíram na frente no uso de mais uma ferramenta de divulgação e interação na internet. E um símbolo importante de que a área não desconsidera qualquer nova forma de aproximação com seus públicos, foi a célere adesão da Vogue americana a novidade. De forma surpreendente, a poderosa editora chefe, Anna Wintour, inaugurou o Instagram Stories no mesmo dia do seu lançamento, mostrando-nos os bastidores de sua rotina na revista. As marcas de roupas e acessórios de pequeno e médio portes também aderiram rapidamente ao Stories, aproveitando-se da vantagem do número de seguidores que já possuíam no Instagram.

A verdade é que com esta multiplicação de redes sociais, ferramentas, mídias, formatos e maneiras de se comunicar e se conectar na internet, pessoas e empresas precisam dedicar mais tempo e esforços à tarefa nada fácil de conquistar e manter seguidores. Por outro lado, o cenário se torna confuso para os seguidores em função da infinidade de possibilidades. Ainda não é possível antecipar as consequências dessa "corrida maluca", mas sabemos que tem interferido na maneira como interagimos pessoal e profissionalmente e no tempo (qualidade e quantidade) que dedicamos ao mundo físico em contraponto com o virtual.

Como diz o sociólogo Zygmunt Bauman, vivemos num mundo líquido, no qual certezas, crenças e práticas não são mais sólidas, são diluídas de uma forma muito veloz. Esse pensamento explica a profusão de focos de atenção no mundo digital que nascem, morrem e se canibalizam de forma rápida, para atender a nossa cada vez mais premente necessidade por novidade. 

Quanto à concorrência entre o Instagram Stories e o Snapchat, teremos que aguardar os próximos capítulos.

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