sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Quando uma simples compra de roupa pode virar um pesadelo

Blusa colocada à venda com esgaçado por
 uma loja Fast fashion
Em tempos de Fast fashion, atualizar o guarda-roupa com peças da estação é tarefa das mais simples. Inúmeras lojas trabalham com esse sistema, que propõe manter as araras abastecidas de novidades todas as semanas, em alguns casos, todos os dias, a preços populares.  

Podemos dividir em dois principais grupos as lojas que trabalham com este sistema. O primeiro, vende produtos que levam a própria marca, por meio de produção própria, terceirização ou uma mistura dos dois. O segundo, revende peças de outras marcas, que, por sua vez, também podem terceirizar suas produções. Além disso, muitas marcas conhecidas utilizam-se de confecções no Brasil e em países como Índia e Bangladesh, que trabalham com mão-de-obra barata, em alguns casos, escrava, para poderem praticar suas políticas de preços baixos.

Não se pode generalizar, mas diante do acelerado ritmo de produção e de reposição de estoque nas lojas, imposto pelo sistema Fast fashion, o controle de qualidade ficou prejudicado, resultando na colocação à venda de produtos que deixam muito a desejar. 

Peças mal cortadas, com modelagem estranha, mal costuradas, colarinhos franzidos e amassados, costuras repuxando e até, pasmem, com tecidos esgaçados, são colocados à venda sem o menor cuidado. Falhas que podem passar despercebidas, seja pela iluminação inadequada nos provadores, seja pela falta de atenção, motivada na empolgação natural quando se encontra determinada peça desejada, ou, até mesmo, pelo baixo nível de exigência, infelizmente comum entre nós, consumidores brasileiros. E é essa desatenção somada à baixa exigência do consumidor que acabam por estimular ainda mais as práticas pouco éticas por parte dos empresários.

Além das falhas destacadas, existem outros problemas que também podem acarretar prejuízo ao consumidor. O mais comum, é a falta de padrão da numeração na modelagem das peças. No Brasil, dependendo da marca, um P pode ser um M ou um PP. Tal condição dificulta muito o ato de se presentear com roupas, por exemplo. Sem falar nas peças que, aparentemente perfeitas, encolhem ou desbotam após a primeira lavagem. Ambos, problemas que deveriam ser detectados já no processo de produção ou controle de qualidade.

Quando o cliente identifica que a peça tão desejada veio com defeito, pensa que o pior já aconteceu, mas quando recorre à loja, descobre que o pior ainda estava por vir. De fato, muitas lojas, por desconhecimento das estratégias de marketing, prestam mau atendimento, dificultando ao máximo a solução do problema. Assim uma compra feliz pode se transformar numa grande dor de cabeça para o consumidor, acarretando à loja o risco de perder um cliente fiel. Sem falar que na era das redes sociais, o descontentamento pode ser compartilhado com milhares de outros consumidores.

Não é raro o consumidor paparicado no momento da compra se transforma em inimigo número 1. Ou seja, além de venderem peças com defeito, não pedem desculpas, não se comprometem em resolver o problema de acordo com a necessidade e gosto do cliente, e ainda ficam com raiva de quem apenas exige seus direitos. Demonstrações inequívocas do pouco profissionalismo, comprometimento com o consumidor e preocupação com a imagem institucional da empresa.

Em outro texto publicado neste blog, havia pontuado acerca de problemas em nosso varejo de moda, cada dia mais recorrentes. Reproduzo aqui algumas dicas dadas naquela ocasião e que são importantes para que evitemos comprar produtos com defeitos. Vamos a elas:

  • sempre provar a roupa antes da compra;
  • observar o caimento da peça;
  • analisar o acabamento da costura;
  • observar se não tem nenhum esgaçado, rasgo ou costura aberta;
  • ver se as mangas apresentam repuxo ou franzido em sua costura;
  • levante os braços e dê um abraço para ver se a cava da camisa, blazer ou vestido está curta;
  • fique atento a pequenas dobras nas extremidades da peça ou perto de costuras. Elas
  • podem ser apenas um simples amassado, mas podem demonstrar problemas em sua confecção;
  • verifique se as pregas estão alinhadas;
  • se tiver detalhes duplicados, observe se estão iguais em proporção e alinhados;
  • confira as etiquetas com informações sobre o material empregado e a forma de lavagem;
  • as listras devem se encontrar na costura que separa a frente e as costas de uma peça com esta estampa;
  • os blazers devem estar impecáveis, por isso, observe o forro e a entretela das golas, as vezes são pequenos e ficam repuxando.
E vocês, passaram por transtornos desse tipo? No quadro abaixo, trago dois casos ocorridos comigo, que ilustram problemas abordados nesta matéria






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