quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Brasil longe de obter excelência em seu varejo de moda

Parece incrível, mas depois de meio século de preat-à-porter e do caminho trilhado pelo setor de moda por uma maior profissionalização no Brasil, ainda é possível chegar em uma loja e encontrar duas peças iguais de vestuário, de mesma numeração e cor, mas com tamanhos e modelagens distintos. Como então o seu varejo poderá ser bem visto pelo mercado interno e externo, e também se considerar apto a entrar no e-commerce e participar da revolução que já está acontecendo na venda de produtos pela internet?
Além dos problemas com modelagem e falta de padronização na numeração das roupas, inúmeros são os defeitos encontrados nos produtos ofertados em lojas de vestuário, mais ou menos populares, no país. Mangas mal colocadas, roupas que encolhem, cavas curtas, pespontos desalinhados, estampas que mancham, são algumas falhas mais recorrentes que os consumidores encontram na pré e pós compra de roupas no Brasil. E, infelizmente, um maior status da marca nem sempre garante a qualidade das peças apresentadas nos pontos de venda. 
É sabido que grandes varejistas de moda do Brasil desenvolvem coleções próprias, que levam ou não o nome da marca, e trabalham com um sistema de terceirização das suas produções. Dessa forma, delegam a etapa de confecção das peças a serem comercializadas a uma outra empresa, mais conhecida como facção. Esse sistema reduz muito os custos com infra-estrutura e pessoal, mas dificulta o controle de qualidade daquilo que é produzido. Em muitos casos, esta mercadoria tende a ser exposta em uma loja sem ter passado por uma análise criteriosa do que está ou não apto para a venda.
Para piorar este cenário, o varejo de moda passou a fazer uso de um artifício que dificulta ainda mais o controle de qualidade do que é comercializado, a chamada “quarterização”. Funciona assim, uma marca contrata uma empresa para confeccionar suas coleções e esta, por sua vez, contrata uma ou várias outras células de produção a fim de confeccioná-las.

Recentemente, vimos denúncias de que famosas marcas de varejo, inclusive algumas internacionais, fazem uso do sistema de quarterização de suas confecções no Brasil de maneira irresponsável e omissa. O que, além de isentá-las, “a princípio”, de qualquer compromisso com mão-de-obra, expõe os motivos pelo qual as roupas chegam às lojas com tantos problemas, como: péssimas condições de trabalho, baixa remuneração dos costureiros e distância entre a marca e o produtor.
No entanto, segundo o aspecto legal, os varejistas possuem sim responsabilidade solidária perante as empresas parceiras, no caso, as facções, bem como com o consumidor. Quando as marcas “esquecem” disso, terminam tendo problemas junto aos órgãos competentes, além de perderem valor institucional e de mercado.
Mesmo com todos os problemas apresentados nesta matéria, algumas cadeias do varejo, como a Marisa e a Renner, já estão se aventurando na venda de produtos pela internet. Contudo, ainda não é possível avaliar seus resultados na satisfação dos clientes.
É importante que se diga que o consumidor também tem a sua parcela de culpa na pouca qualidade dos produtos ofertados por muitos varejistas. É o cliente que dá a palavra final em uma compra e, se ele continua a comprar produtos com atributos discutíveis, termina alimentando a filosofia de algumas marcas, a de que o brasileiro não possui senso crítico e prefere consumir em quantidade para estar sempre na moda.

Na hora da compra, é importante que o consumidor prove antes a roupa e esteja atento aos detalhes. Seguem, então, algumas dicas para o momento da prova:
      ·      observar o caimento da peça;
·      analisar o acabamento da costura;
·       ver se as mangas apresentam repuxo ou franzido em sua costura;
·     levante os braços e dê um abraço para ver se a cava da camisa, blazer ou vestido está curta;
·      fique atento a pequenas dobras nas extremidades da peça ou perto de costuras. Elas podem ser apenas um simples amassado, mas podem demonstrar problemas em sua confecção;
·      verifique se as pregas estão alinhadas;
·      se tiver detalhes duplicados, observe se estão iguais em proporção e alinhados;
·    confira as etiquetas com informações sobre o material empregado e a forma de lavagem;
·    as listras devem se encontrar na costura que separa a frente e as costas de uma peça com esta estampa;
·    os blazers devem estar impecáveis, por isso, observe o forro e a entretela.
 

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