Na história, a
moda sempre acompanhou as mudanças sociais, econômicas e estéticas ocorridas no
mundo. O conceito conhecido como Zeitgeist,
espírito do tempo, rege essa indústria que, fundamentalmente, busca atender,
além de gerar necessidades em seus consumidores, refletindo/retratando um
período.
Nesse sentido, é
interessante analisar dois exemplos de marcas célebres que apresentam
movimentos díspares em nosso tempo, a Hermès e a Moschino. Enquanto a primeira incorpora
a sustentabilidade como um dos valores presentes em sua filosofia, a segunda,
reforça a ideia de efemeridade da moda, de consumo e descarte acelerado de seus
produtos. Isso reflete bem os vários sentimentos que permeiam nosso tempo, no
qual a preocupação com o futuro do mundo e com os reflexos de uma crise
econômica, ambos de apelo coletivo, convivem com o sentimento ainda forte de
individualismo e hedonismo, características da pós-modernidade. Esse período
seria, portanto, marcado pela diversidade e dualidade de pensamentos, crenças e sentimentos que norteiam as
escolhas de pessoas e grupos.
Colar da Petit h criado pelo designer Godefroy
de Virieu com tecido dos lenços Hermès |
A Petit h, oficina
de reciclagem e linha de produtos da marca francesa Hermès, tem como principal
estratégia evitar o desperdício de matérias-primas nobres, que antes não teriam
utilidade, por meio do conceito de transformação. Tudo isso, com uma proposta de design sustentável e apelo ao
ecologicamente correto.
Pedaços de couro utilizados em bolsas, os famosos lenços e etc., que não passaram no altíssimo controle de qualidade da Hermès (ver artigo Uma palavra sobre exclusividade -http://dialogoscomamoda.blogspot.com.br/2011/03/uma-palavra-sobre-exclusividade.html) são agora transformados em outros produtos de moda, de decoração e arte com a assinatura de estilistas, designers e artistas convidados pela Petit.
Pedaços de couro utilizados em bolsas, os famosos lenços e etc., que não passaram no altíssimo controle de qualidade da Hermès (ver artigo Uma palavra sobre exclusividade -http://dialogoscomamoda.blogspot.com.br/2011/03/uma-palavra-sobre-exclusividade.html) são agora transformados em outros produtos de moda, de decoração e arte com a assinatura de estilistas, designers e artistas convidados pela Petit.
Bracelete da Petit h com tecido dos lenços Hermès |
Tal estratégia também reflete o sentimento dos
europeus após a crise econômica iniciada em 2008. Afinal, não é de bom tom
desperdícios em momentos de dificuldades, principalmente em sociedades que já conviveram
com a escassez proporcionada por guerras. Com isso, a marca aumenta a sua
receita ao mesmo tempo que valoriza a sua imagem institucional.
Desfile outono-inverno Moschino 2014/15 |
A Moschino, por
sua vez, apresentou em seu último desfile uma tendência bem oposta, trazendo um
conceito que vai de encontro a questões ligadas à sustentabilidade ou a
qualquer mudança na cultura de consumo no mundo. Com tom irônico, sua última
coleção propôs elementos de estilo inspirados na rede de lanchonetes de Fast-food Mcdonald’s e na mania de
valorizar logomarcas em roupas e acessórios, febre nos anos 1980 e 1990.
No intuito de reforçar esta proposta de produtos de rápido consumo, a marca já oferecia no dia seguinte as criações em sua loja. Isso, numa clara alusão a estratégia da indústria e varejo de moda conhecida como Fast fashion, que busca atender a um público cedento por novidades e que consome com uma periodicidade importante, nada ecológico!
No intuito de reforçar esta proposta de produtos de rápido consumo, a marca já oferecia no dia seguinte as criações em sua loja. Isso, numa clara alusão a estratégia da indústria e varejo de moda conhecida como Fast fashion, que busca atender a um público cedento por novidades e que consome com uma periodicidade importante, nada ecológico!
Indicação: Vídeo
do programa Mundo S.A. da Globo News, que aborda o case da Petit h–http://globotv.globo.com/globo-news/mundo-sa/t/todos-os-videos/v/mundo-sa-entrevista-a-herdeira-da-hermes-pascale-mussard/3356833/
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